quinta-feira, 24 de março de 2011

Outono.

As águas de março te trazem todos os anos.
Tu chegas com aquele ventinho mais frio.
O sol se curva a tua vontade e se cobre com lençois chamados nuvens.
E até junho tu ficas ao nosso lado, nos preparando para o frio e fechado inverno.

Eu gosto do outono.
Tem dias agradáveis que dão um descanso nesse Saara chamado Rio de Janeiro.
Ainda faz calor, é verdade.
Mas é um calor gostoso que nos convida a curtir o por-do-sol na praia, de preferência acompanhado.

Eu gosto do outono.
É a época de jogar fora aquelas folhas velhas caídas no nosso jardim.
Caíram ao longo do tempo, mas ficaram lá porque não nos preocupamos com elas.
Aí elas vão se acumulando até chegar ao ponto em que dominam toda a paisagem e atrapalham a caminhada.
Mais do que nunca, é tempo de jogá-las fora.

Eu gosto do outono.
Nesses meses, fico mais reflexivo e observador.
A medida que jogo minhas folhas fora, percebo porque as acumulei para não continuar fazendo isso.
Até o dia de hoje, várias folhas pequenas já se foram.
O problema são as grandes.
Aquelas que pesam muito e que são difíceis de se desfazer.
O bom é que a estação está apenas começando.
Ainda tenho muito tempo pela frente.

Eu gosto do outono.
Mas não gosto desse elefante na minha sala.
Ele existe mesmo ou só eu o vejo?

Eu gosto do outono.


"Eu não quero te ver
Nem quero acreditar
Que vai ser diferente
Que tudo mudou...
Você diz não saber
O que houve de errado
E o meu erro foi crer
Que estar ao seu lado
Bastaria!
Ah! Meu Deus!"

(Meu erro - Paralamas do Sucesso)

terça-feira, 15 de março de 2011

O Recomeço

Terminou o carnaval.
Agora o ano realmente começa.
Depois daquele período festivo que vai do Natal ao carnaval, chegou a hora de voltar a trabalhar mesmo.
Ou melhor, voltar a trabalhar olhando na folhinha quando é o próximo feriado.

Como já passei dessa fase (mas estou querendo voltar), não me preocupo mais com essas datas.
Para mim, a data mais importante nesse período foi meu aniversário.
Sim, o rapaz aqui está um pouco mais velho...
Fiz 24, com cara de 23 e corpo de 15...
E ano que vem, temos bodas de prata!

Acho que o aniversário significa o fim de um ciclo e o começo de um outro ainda mais desafiador.
Hoje percebi como funciona esse ciclo.
Nesses dias, todas as dores se concentraram em um só local e logo se foram.
Ao acordar, veio a ideia de me redimir de parte de meus pecados.
Assumir erros e pedir perdão.
Nada foi planejado, mas foi acontecendo...

Pedi perdão a você porque sei que foi a pessoa que mais magoei nesse último ano.
Por ser sincero, acabo ferindo os sentimentos de quem me quer bem.
Assim como você, também aprendi que "o que não foi" não "era para ser".
Essa lição mudou totalmente minha vida e me fez ver o passado de uma outra forma.
Ainda há alguns pontos a superar, mas com o tempo tudo passa.

Superar, superar, superar...
Será que somente eu superei?
Ou será que cruzamos uma linha perigosa e eu não percebi?
Só sei que preciso falar com você.
É o ciclo se fechando.

O ciclo se fechou e eu também fechei você.
A vontade passou.
Que bom.
Não queria cruzar mais essa linha também.
Pena que meu celular ficou pelo caminho...

Então, é tempo de recomeçar.
Um novo ciclo começa e eu quero voltar a sonhar.
Já posso?
As nuvens estão se afastando e o sol está querendo aparecer.
Será que o tempo voltará a brilhar?

Humm, espero que sim.
Mas será apenas um brilho.
Não haverá calor.
É o outono que se aproxima.
É o tempo em que acredito no amor, mas não acredito em amor.
É o tempo em que as paixões são folhas nas árvores.
São bonitas ao longe, mas ao tocá-las, caem suaves no chão e lá permanecem até o vento levá-las para outro jardim.
Cansei de correr atrás de folhas perdidas.
Prefiro árvores inteiras. São mais seguras...
Rabugice? Não. Maturidade!

Já posso voltar a sonhar?
Sonhar para recomeçar.
Um recomeço de sonhos.
Um recomeço de paz.
É disso que preciso.

Boa semana borboletas!


"A luz apaga porque já raiou o dia
E a fantasia vai voltar pro barracão
Outra ilusão desaparece quarta-feira
Queira ou não queira terminou o carnaval.

Mas não faz mal, não é o fim da batucada
E a madrugada vem trazer meu novo amor
Bate o tambor, chora a cuíca e o pandeiro
Come o couro no terreiro porque o choro começou."

(Novo Amor - Roberta Sá)