terça-feira, 24 de maio de 2011

Cadê meu controle remoto?

Ontem acordei com uma vontade danada de mudar de canal.
Jogar tudo para o alto.
Esquecer e ser esquecido.
Seguir em frente sem olhar para trás.

Fui então procurar o controle remoto da minha vida.
Afinal, bastaria apertar apenas um botão para sintonizar novas estações.
Mas quem disse que eu encontrava o meu controle?

Procurei em todos os cantos da minha alma.
Comecei pelo ego.
Aquele lugar supercosciente me deixou mais agoniado com o que havia ao meu redor.

Fui então para o id.
Gente, que bagunça!
Vi cada coisa que me deixou assustado...

Fechei a porta correndo e parei no superego.
Ah, sempre ele!
Perguntei timidamente se ele havia visto meu controle.
E ele me respondeu: "Eu sou o seu controle."
Então, pedi: "Posso mudar de canal?"
Sua resposta veio simples e direta: "Pode. Basta querer."

Eita, por essa eu não esperava.
O que me impede de mudar se eu realmente quero mudar?
Medo dos balões?
Me apegar ao real por não crer em ilusões?
Ou achar que tudo melhorará?

Acho realmente que tudo melhorará, como diz o curta.
Eu tenho que ter paciência.
E focar naquilo que realmente me interessa, me faz bem.

Olhando por esse lado, algo mudou.
Já soltei um ou dois balões sem lamentar a perda.
Sinto uma segurança transbordando a minha alma.
Vejo minhas relações com muito mais clareza.

Ainda não consegui mudar de canal.
Felizmente, a programação mudou.
Saiu a novela mexicana, estreou a nova história de Manoel Carlos.
Não sou Helena, pois não tenho vocação.
Sou o Paulo.
E é por ser o Paulo que acredito que as coisas melhorarão.

Boa semana para todos!

P.S.: Se alguém achar um controle remoto perdido, pode jogar fora. Já assumi o meu próprio controle. ;)




"Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai, que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar

Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus
Só pra me provocar
Meu amor juro por Deus
Me sinto incendiar"

(Pela luz dos olhos teus - Tom Jobim)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Balões

Como todos sabem, eu solto pipas.
Minhas pipas estão sempre voando pelo céu.
Cada uma mais diferente do que a outra, mas todas importantes.
Algumas eu carrego perto de mim.
Outras já deixo planar soltas.
E nesse ritmo, vou aprendendo a cuidar delas.

Nesses últimos dias, percebo uma transformação em algumas de minhas pipas.
De pedaços de papel-seda, viraram balões de ar.
A princípio, todos esses balões pareciam cheios e se destacavam entre as minhas pipas coloridas.
De repente, eles começaram a se deformar.
Murcharam.
Seu brilho e suas cores se perderam no caminho.
Será que eu lamento a perda?

Acho que não lamento o que ocorreu.
Sinto mais a possibilidade de outras pipas se tornarem balões.
Não quero que isso aconteça.
Não sei como seria a minha vida assim.
No entanto, tenho consciência que não posso fazer nada para impedir.

Enfim, continuarei a jornada.
Tenho que me acostumar com a presença dos balões.
Afinal, as pipas se sobrepõem em grande número.
E no final das contas, é isso que importa.

Preparados para Aracaju?


‎"Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser..."

(Álvaro de Campos)

domingo, 8 de maio de 2011

Reescrevendo a história

Primeiro, vem sempre a esperança.
Ansiedade por momentos inesquecíveis.
Um amor para recordar.
Loucuras inesperadas.
Outra vida a ser criada.

Vivi com intensidade.
Imaginei.
Naveguei.
Indiretas interromperam meu sonho.
Como?
Indiretas continuaram a se espalhar.
Uma vez dito, uma vez esquecido.
Sempre tendo em mente que é preciso reescrever a história.

Ontem comecei a escrever o primeiro capítulo.
Uma história, pelo menos, eu já tenho.

Olhei, vivi e senti.

Penso que esse é apenas o início.
A jornada é longa.
Um dia eu aprendi isso.
Levo, contudo, a vontade de continuar caminhando.
Imagino que muitas coisas boas ainda virão.
Nós.
Hei de chegar nesse ponto.
Onde quer que ele esteja, hei de chegar nesse ponto...

Boa semana para todos!


"Devagar, devagar com o andor
Teu santo é de barro e a fonte secou
Já não tens tanta verdade pra dizer
Nem tão pouco mais maldade pra fazer.
E se a dor é de saudade
E a saudade é de matar
Em meu peito a novidade
Vai enfim me libertar..."

(Samba de um minuto - Roberta Sá)